{"id":15126,"date":"2018-07-12T11:40:54","date_gmt":"2018-07-12T14:40:54","guid":{"rendered":"https:\/\/uniandrade.br\/?p=15126"},"modified":"2021-07-29T14:47:43","modified_gmt":"2021-07-29T17:47:43","slug":"historia-do-rock-do-virtuosismo-ao-faca-voce-mesmo-parte-4","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/uniandrade.br\/blog\/historia-do-rock-do-virtuosismo-ao-faca-voce-mesmo-parte-4\/","title":{"rendered":"Hist\u00f3ria do Rock \u2013 do virtuosismo ao fa\u00e7a voc\u00ea mesmo (parte 4)"},"content":{"rendered":"
Os anos setenta come\u00e7am com uma grande ressaca dos anos sessenta. Al\u00e9m do fim dos Beatles (\u201cO sonho acabou\u201d), a morte de v\u00e1rios artistas ic\u00f4nicos (Jim Morrison, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Brian Jones) e a falta de sentido que foi a Guerra do Vietn\u00e3 produziram a sensa\u00e7\u00e3o de que, embora o movimento Hippie tenha abalado os alicerces do mundo, n\u00e3o foi o suficientemente forte para mud\u00e1-lo.<\/p>\n
Para alguns, os anos setenta s\u00e3o uma \u00e9poca de aliena\u00e7\u00e3o, representada por um estilo de m\u00fasica que j\u00e1 n\u00e3o estava mais preocupada com as grandes quest\u00f5es, a m\u00fasica disco<\/em>.<\/p>\n Embora todo o processo de constru\u00e7\u00e3o art\u00edstica e musical dos anos sessenta ainda se mantivesse nos anos setenta, afinal muitas das bandas ainda continuavam na ativa (Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who e mais um punhado de outras que perseguiam novas sonoridades e o aprimoramento musical), e tenha havido uma reconquista de espa\u00e7o, na assun\u00e7\u00e3o do rock como pilar fundamental da cultura jovem, a sensa\u00e7\u00e3o era a de que n\u00e3o havia nada de novo sob o sol e que inovar e criar era uma tarefa das mais dif\u00edceis.<\/p>\n O Rock<\/em> em sua acep\u00e7\u00e3o mais tradicional \u2013 se pudermos chamar assim \u2013 intensificou sua pot\u00eancia e versatilidade por meio de uma sonoridade mais dura, contudo, suas nuances e individualidades ficaram um pouco mais claras.<\/p>\n Dois movimentos musicais, contudo, destoaram um pouco do tradicionalismo dos lugares comuns e, embora tenham se iniciado na d\u00e9cada anterior, foi nesta que atingiram seu \u00e1pice, s\u00e3o eles: o Rock Progressivo<\/em> e o Heavy Metal<\/em>.<\/p>\n Ambos possuem suas caracter\u00edsticas pr\u00f3prias, contudo, mantendo alguns aspectos comuns, principalmente no que diz respeito ao virtuosismo dos m\u00fasicos (segundo alguns, por influ\u00eancia da M\u00fasica Erudita<\/strong> e do Jazz Fusion<\/strong>).<\/p>\n O Rock Progressivo<\/em> se caracteriza por pe\u00e7as musicais longas \u2013 \u00e0s vezes divididas em v\u00e1rias partes ou su\u00edtes. A virtuosidade musical fica evidenciada nos longos solos e na concep\u00e7\u00e3o tem\u00e1tica dos \u00e1lbuns \u2013 que j\u00e1 fora, em certa medida, produzida por algumas bandas dos anos sessenta.<\/p>\n H\u00e1 v\u00e1rios nomes ic\u00f4nicos do Rock Progressivo<\/em>, mas, possivelmente o mais emblem\u00e1tico seja o Pink Floyd, que em 1973 lan\u00e7ou um dos \u00e1lbuns mais cultuados da Hist\u00f3ria da M\u00fasica: The Dark Side Of The Moon<\/em>.<\/p>\n Lan\u00e7ado em primeiro de mar\u00e7o de 1973, o \u00e1lbum pode ser considerado uma s\u00edntese musical do que era e \u00e9 o Rock Progressivo<\/em>. Desde a elabora\u00e7\u00e3o da tem\u00e1tica at\u00e9 o processo de grava\u00e7\u00e3o que envolve muitos elementos que transcendem a ideia comum do que \u00e9 fazer m\u00fasica.<\/p>\n Em suas dez faixas, o \u00e1lbum explora elementos intensos e inovadores que criam e exigem uma nova perspectiva de audi\u00e7\u00e3o. The<\/em> Dark Side Of The Moon<\/em> se tornou um dos \u00e1lbuns mais famosos da Hist\u00f3ria do Rock, se tornando refer\u00eancia mesmo para aqueles que n\u00e3o s\u00e3o entusiastas do g\u00eanero.<\/p>\n Na outra margem, mas nem por isso menos interessante e tamb\u00e9m emblem\u00e1tico do per\u00edodo \u00e9 o surgimento \u2013 ou a reorganiza\u00e7\u00e3o potencializada do Rock<\/em> do final dos anos sessenta, que tamb\u00e9m se tornar\u00e1 um g\u00eanero que lan\u00e7ar\u00e1 sua influ\u00eancia por todo o per\u00edodo seguinte at\u00e9 os dias de hoje \u2013 do Heavy Metal<\/em>.<\/p>\n Embora elementos musicais considerados naturalmente mais \u201cpesados\u201d n\u00e3o fossem necessariamente novidade (muito do que foi produzido no final dos anos sessenta e durante a d\u00e9cada de setenta foi Hard Rock<\/em>), o d\u00e9but<\/em> oficial daquilo que iria ser conhecido como Heavy Metal<\/em> se deu no ano de 1970, com o lan\u00e7amento do \u00e1lbum emblem\u00e1tico da banda brit\u00e2nica Black Sabbath<\/em>.<\/p>\n Repleto de sonoridades sombrias e letras diferentes dos padr\u00f5es comuns, se referindo a temas que escandalizavam um tanto quanto o mainstream<\/em>, o primeiro \u00e1lbum chocou tanto pela explora\u00e7\u00e3o de possibilidades musicais virtuosas e inusitadas, vocais diferenciados e, principalmente uma postura que era capaz de diferenciar o g\u00eanero de boa parte do que fora feito antes.<\/p>\n A banda Black Sabbath<\/em> se tornou a fundadora de um dos g\u00eaneros (ou subg\u00eaneros se preferirmos) mais marcantes do Rock<\/em> e, talvez, aquele que produziu uma nova tradi\u00e7\u00e3o e alcance, com diversos tipos de releituras a partir dessa \u00e9poca at\u00e9 os dias de hoje. O Heavy Metal<\/em> se tornou sin\u00f4nimo de Rock<\/em> e demonstrou grande f\u00f4lego e resist\u00eancia diante de muitas das tend\u00eancias musicais que surgiriam ainda pela frente.<\/p>\n Na contram\u00e3o de tudo o que estava acontecendo nos anos setenta em termos musicais (e por que n\u00e3o arriscar: est\u00e9ticos), teremos um dos g\u00eaneros mais extravagantes surgidos at\u00e9 ent\u00e3o e que, aparentemente, n\u00e3o soava como nada que foi feito antes.<\/p>\n Como uma esp\u00e9cie de resposta ao virtuosismo musical e t\u00e9cnico do que se fazia na \u00e9poca, teremos um g\u00eanero que adotara uma postura diametralmente oposta, cuja m\u00e1xima era: \u201cDo it yourself<\/em>\u201d. Trata-se do Movimento Punk<\/em>.<\/p>\n O Movimento Punk<\/em> surge n\u00e3o apenas como um movimento musical, mas tamb\u00e9m social \u2013 por mais absurdo que pare\u00e7a, h\u00e1 sim uma tentativa de organiza\u00e7\u00e3o, implicando uma mudan\u00e7a de posturas individuais e coletivas diante de uma sociedade capitalizada e muitas vezes decadente.<\/p>\n Caracterizado pelo slogan<\/em> do Fa\u00e7a voc\u00ea mesmo<\/em>, o Punk Rock<\/em> era justamente isso, uma tentativa de mostrar que a express\u00e3o art\u00edstica estava ao alcance de todos, principalmente dos jovens, que utilizavam a m\u00fasica mais como express\u00e3o de suas frustra\u00e7\u00f5es do que como uma manifesta\u00e7\u00e3o de gosto art\u00edstico, em alguns casos h\u00e1 uma clara politiza\u00e7\u00e3o da m\u00fasica, embora, o processo de catarse coletiva pare\u00e7a na maioria das vezes mais importante do que a m\u00fasica em si.<\/p>\n H\u00e1 diversos nomes importantes no Movimento Punk<\/em>, podemos citar tr\u00eas de grande alcance e relev\u00e2ncia: Sex Pistols<\/em>, The Clash <\/em>e Ramones<\/em>.<\/p>\n O Punk Rock<\/em> \u00e9 o porta voz das dificuldades da vida cotidiana urbana, dos males existenciais e expressa de maneira cabal muitos dos dramas dos jovens, dando um timbre e uma voz estridente e rascante \u00e0 pot\u00eancia m\u00e1xima de guitarras com arranjos simples e democr\u00e1ticos.<\/p>\n O apelo visual serve e muito para fortalecer a imagem e, algumas vezes, um modo de vida que causa estranhamento e, talvez por isso mesmo, proponha reflex\u00f5es sobre a condi\u00e7\u00e3o humana, seja em seu aspecto social quanto em suas disposi\u00e7\u00f5es de viv\u00eancia cultural e consumo.<\/p>\n Assim como os outros movimentos musicais da \u00e9poca, o Punk<\/em> deixar\u00e1 seus frutos, ainda que dilu\u00eddos em outros g\u00eaneros e incorporados por outras vertentes, e manter\u00e1 as suas caracter\u00edsticas marcantes, tanto no tipo de m\u00fasica que cultiva quanto nas posturas e imagens que se tornaram exemplo de rebeldia e descontentamento.<\/p>\n A pr\u00f3pria natureza do tipo de som executado produziu mais de uma dezena de bandas e \u00e1lbuns de sucesso (como sempre, a ind\u00fastria cultural fez bom uso, mas a seu favor, dos elementos essenciais), sendo que muitos deles ainda s\u00e3o ouvidos por pessoas que n\u00e3o tendem a ligar o tipo de m\u00fasica produzida com a mensagem que ela visava.<\/p>\n Apesar dos pesares, muito do que o Punk Rock<\/em> produziu em termos art\u00edsticos e musicais servir\u00e1 de nutriente para a gera\u00e7\u00e3o seguinte, que ser\u00e1 capaz de incorporar em seu aprendizado muito do que aprendeu com ele.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Os anos setenta come\u00e7am com uma grande ressaca dos anos sessenta. 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