A História do Rock – Afinando os instrumentos (parte 2)

Enquanto nos Estados Unidos temos a “pasteurização” do Rhythm and Blues em Rock (isso vai mudar de figura em alguns anos, mas chegaremos lá), do outro lado do Atlântico a coisa era um pouco diferente.

A influência do Rhythm and Blues também foi marcante em muita gente da terra da Rainha, com figuras como Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley, mas, o que realmente reinava no Império Britânico era o Blues. E a partir dele é que a evolução do gênero mais popular da história ganhou novas forças e se restabeleceu.

Bandas como Rolling Stones, Yardbirds, Bluesbreakers (com John Mayall e por onde passaram músicos do naipe de Eric Clapton – que fará o Cream, ao lado de Ginger Baker e Jack Bruce; Mick Taylor – que substituirá Brian Jones, nos Rolling Stones e Peter Green – um dos fundadores do Fleetwood Mac) possuíam uma clara inclinação para o Blues e o Rhythm and Blues (como era concebido, antes de se tornar Rock – um depoimento marcante sobre essa questão é o de Keith Richards ao dizer que o que os Rolling Stones faziam era Rhythm and Blues e não Rock, que ele associa – como muitos outros, à música pop) e fizeram disso seu cartão de visitas.

Muitos dos grupos e artistas que brilharão nas décadas seguintes possuem como centro embrionário o núcleo duro do Blues e do Jazz dos Estados Unidos. Figuras como Muddy Waters, Howling Wolf, B.B. King, Bo Diddley, Little Walter, Robert Johnson e Willie Dixon, além de inúmeros outros artistas que se tornaram clássicos, faziam a cabeça, os ouvidos e os corações dos jovens ingleses, tendo uma influência decisiva naquilo que daria o timbre característico daquelas que se tornariam as referências do que mais tarde seria o Rock como o consideramos hoje.

Essa influência produzirá entre os jovens britânicos o fenômeno das bandas musicais Skiffle (um tipo de música Folk com influência do Jazz e do Blues que se utilizava de instrumentos improvisados), muitos músicos que fizeram sucesso em bandas famosas começaram com o Skiffle: Jimmy Page, Ronnie Wood, Ritchie Blackmore, Marc Bolan e John Lennon, só pra citar alguns).

Na contramão do que acontecia nos Estados Unidos com o surgimento da música pop e suas letras banais e de fácil aceitação, na Inglaterra o fato de não existirem as mesmas barreiras raciais criou um tipo de som com características próprias, deslocando o foco de referências e permitindo uma produção musical mais complexa, ainda que tocando sucessos populares nos Estados Unidos,

As influências do Rhythm and Blues, Soul e Gospel criaram um timbre com identidade própria. E mais do que isso, serviram além de um embrião de novas tendências, também como uma contextualização para que o público estivesse propício às novas tendências musicais que surgiriam na época seguinte – o momento talvez mais significativo para criar a identidade do que o Rock e todas as suas implicações estéticas e sociais iria se tornar.

Para acompanhar essa mudança, vale a pena ouvir algumas canções marcantes, tais como: Move It, com Cliff Richard; The Rumble, com The Shadows; Gotta Move, com Alexis Körner; Boys, com os Beatles (vocal impecável de Ringo Star); Roll Over Beethoven, com os Rolling Stones (num cover de Chucky Berry). Cheating, com The Animals; You Really Got Me, com The Kinks; Heart Full Of Soul, com The Yardbirds; Crawling Up A Hill, com John Mayall & The Bluesbrakers; Big Boss Man, com The Pretty Things; My Generation, com The Who e That’llBe The Day, com The Quarrymen; entre tantos sucessos e opções.

Continue acompanhando nossa jornada pela história do Rock, hoje ainda é só o segundo dia.

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