A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM-NARRADORA NO CONTO “MINHA COR”: DA OUTREMIZAÇÃO À RESISTÊNCIA

Autores

  • Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Apucarana, Paraná, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v11i2.550

Resumo

Este artigo analisa a construção da personagem-narradora em “Minha cor” (2007), de Raquel Almeida, publicado no volume 30 dos Cadernos negros. O conto desnuda as consequências das relações hostis entre brancos e negros para os sujeitos formados por processos de hibridização. A partir da teoria e crítica pós-colonial, observa-se como a personagem evolui e assume a identidade negra de seus antepassados, desperta sua subjetividade e resiste ao discurso instituído. Nesse sentido, além do preconceito racial e social de que são vítimas os negros/afro-descendentes na sociedade brasileira, nota-se a resistência daqueles que se orgulham de sua negritude. A personagem não aceita a outremização; desse modo, rejeita as diferenças impostas pela visão eurocêntrica e posiciona-se como sujeito.

Palavras-chave: Branco x negro. Relações binárias. Outremização. Identidade. Subjetividade.

 

Referências

ALMEIDA, R. Minha cor. In: RIBEIRO, E.; BARBOSA, M. (org.). Cadernos negros: contos afro-brasileiros. Volume 30. São Paulo: Quilomhoje, 2007, p. 185-190.

ASHCROFT et al. Key Concepts in Post-colonial Studies. London: Routledge, 1998.

BHABHA, H. K. A questão do “Outro”: diferença, discriminação e o discurso do colonialismo. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1991, 177-203.

______. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila el al. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

BONNICI, T. Conceitos-chave da teoria pós-colonial. Maringá: Eduem, 2005.

______. Introdução ao estudo das literaturas pós-coloniais. Mimesis. Bauru, v. 19, n. 1, p. 07-23, 1998.

______. O pós-colonialismo e a literatura: estratégias de leitura. Maringá: Eduem, 2000.

______. Problemas de representação, consolidação, avanços, ambiguidades e resistência nos estudos pós-coloniais e nas literaturas pós-coloniais. In:

______ (org.). Resistência e intervenção nas literaturas pós-coloniais. Maringá: Eduem, 2009.

______. Teoria e crítica pós-colonialistas. In: BONNICI, T.; ZOLIN, L. O. (orgs). Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 3. ed. Maringá: Eduem, 2009, p. 257-285.

FIGUEIREDO, E. Construções de identidades pós-coloniais na literatura antilhana. Niterói: Ed. da UFF, 1998.

GAUTIER, A. Mulheres e colonialismo. In: FERRO, M. O livro negro do colonialismo.  Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p. 660-706.

HALL, S. Pensando a diáspora: reflexões sobre a terra no exterior. In:

______. Da diáspora: identidade e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003, p. 25-50.

MOUTINHO, L. Razão, “cor” e desejo. São Paulo: Unesp, 2004.

REIS, R. Cânon. In: JOBIM, J. L. Palavras da crítica: tendências e conceitos no estudo da literatura. Rio de Janeiro: Imago, 1992, p. 65-92.

RIBEIRO, E.; BARBOSA, M. (orgs). Cadernos negros: contos afro-brasileiros. Volume 30. São Paulo: Quilomhoje, 2007.

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.SEMPRINI, A. Multiculturalismo. Bauru: Edusc, 1999.

SOUZA, L. M. T. M. O fragmento quântico: identidade e alteridade no sujeito pós-colonial. Letras. Alteridade e heterogeneidade. Santa Maria: UFSM, jan/jun. 1997, p. 65-81.

SPIVAK, G. C. Subaltern Studies: Deconstructing Historiografy. In:

______. In Other Worlds. New York: Methuen, 1987, p. 215-219.

TELLES, E. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Demará: Fundação Ford, 2003.

TODOROV, T. Compreender, conquistar, destruir. In:

______. A conquista da América: a questão do outro. Trad. Beatriz Perrone Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 1982. VENTURA, A. Negro forro. In: MORICONI, I. Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 275.

 

 

DOI: http://dx.doi.org/10.18305/1679-5520/scripta.uniandrade.v11n2p54-75

Downloads

Publicado

2016-10-21