Ernest Hemingway – entre o Cinema e a Literatura

Em 1945, Marcel Duhamel, então editor da Gallimard (renomado grupo editorial francês, fundado em 1919), iniciou a publicação de uma série de romances que ele chamou noir, por conta do visual das capas dos livros.

Os romances noir eram um subgênero dos romances policiais que mesclavam suspense e mistério, comumente seus autores eram conhecidos por publicar textos em revistas populares, conhecidas como dime magazines ou pulp magazines (dime eram as moedas de dez cents e pulp se referia ao tipo de papel de impressão).

Embora possua suas raízes estilísticas no romance Gótico do final do século XIX, os romances noir se popularizaram, principalmente, no pós-guerra e se notabilizaram: pelo estilo de narrativa e por ter uma ambientação urbana com personagens que não correspondiam aos “heróis” tradicionais – pessoas que fugiam ao estereótipo tanto por serem comuns quanto por possuírem caracteres duvidosos.

De estrutura simples e leitura fácil, os romances noir se consagraram, tanto que em 1946, o crítico cinematográfico Nino Frank se utilizou da expressão para classificar um novo estilo de filmes que possuíam elementos influenciados pela temática dessas publicações. Termo até então desconhecido pelos cineastas, a categoria passou a ser empregada para boa parte da produção cinematográfica do pós-guerra.

O film noir possui praticamente as mesmas características do romance noir, desde o tipo de estilo de narrativa até a construção de personagens, utilizando técnicas de baixo orçamento e que foram muito influenciadas pelo Expressionismo Alemão (Fritz Lang, Robert Wiene, Friedrich Murnau, por exemplo – o cinema Expressionista A

lemão mereceria um capítulo à parte).

Assim como seu parceiro literário, o Film noir se consagrou se se tornou um tipo de gênero que ganhou o mundo e caiu no gosto do público. Embora alguns críticos defendam que somente o período “clássico” do gênero seja relevante – o período entre as décadas de 1940 e 1950.

Não era incomum, inclusive, que muitos diretores fossem buscar seus argumentos para roteiros na produção literária (ou subliterária) da época.

Claro, que há também algumas exceções, uma das mais interessantes é a adaptação de Os assassinos, conto de Ernest Hemingway, publicado em 1927.

Ernest Hemingway, ganhador do prêmio Pulitzer, em 1953 e o Nobel de Literatura em 1954, foi um dos escritores mais prolíficos da história do século XX. Dotado de um estilo fluido e contundente, sua obra foi adaptada inúmeras vezes para o cinema, com grande destaque para Por quem os sinos dobram, de 1953.

Os assassinos é um excelente exemplo de adaptação de textos literários para a linguagem cinematográfica, tanto que o foi por três vezes, a primeira em 1946, por Robert Siodmak; a segunda, em 1956, como um trabalho universitário do poético e original de Andrei Tarkóvski, e a terceira em 1964 por Don Siegel.

Aproveitando que hoje é aniversário de Ernest Hemingway, eis uma excelente oportunidade de conhecer um pouco mais sua obra, tendo como porta de entrada o conto Os assassinos (de leitura fácil e fácil de encontrar), e algumas das grandes produções cinematográficas já produzidas no século XX.

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